sexta-feira, outubro 07, 2005

Água

Cai água dos meus olhos.
Não sei o que poderá ser.
A não ser água que corre...
Como na fonte,
sem razão de ser.

Choveria? não reparei
Mas ele também não viu
E foi só quando acabou
Que meu mundo sucumbiu

Quis dizer-lhe que bastava
Que já não queria mais
Mas no fundo
não entendia
Crueis pensamentos tais.

Ele disse tanta coisa
Que meu cérebro estagnou
Mas o que ouvi em lamúria
Foi "teu tempo terminou".

Será por isso que choro?
(se estiver a chorar)
Pois aquele que partiu
O meu peito quis quebrar.

O que é a solidão?
Senão retalhos do passado?
Onde até presidiário
Quer morrer como amado.

Mas amor o que será?
Senão o que és, esquecer...
E quando olhas espelhos
Vês não mais aparecer.

Num reflexo,
Nada és.
Senão uma só imagem
e aquilo que tu és
há muito tornou miragem.

Vê teu reflexo na água
que teus olhos te mostraram
E Mergulha na verdade
De saber que sim, mudaste.
Pois mais nada foi igual
Nem o que disseste ser
pois não há nada mais normal
do eu por'amor enlouquecer

E assim sei, acabou
Onde retornei meu "eu"
Que apesar de sozinha
triste e entorpecida
Sei não mais ir apagar
Ou pelo menos sufocar
isto que é minha essencia
que me leva à falencia
de sempre e tudo esqueçer
para mais feliz poder ser.

Sim, poeta é um mortal
mais que todos, anormal
pois tenta passar na vida
(numa triste recaída)
vazias frases de nada
que pensam ser fenomenal
Vá Pega os pé duma cadeira
Vai e soma o total!

Nada tens senão o nada
por tentares um todo ser
e nestes versos que trago
espero então o meu ceder.

Agora diz-me Água que cais
diz-me se água serás.
Pois não és lágrima por mim caída.
(E se assim for não saberás.
Pois eu nego -
E renego -
eu sei não te chorarei!
pois para ti meu Apego
Em nada te tornarei,
Senão nada,
o Vazio,
De esperar um nada ser
Pois a lágrima que caiu
não mais que chuva deverá ser!)

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