Eu....

Eu sou aquela que te bate à porta
quando não és.
Sou aquela de cuja aparencia foges,
o teu coração fechas
e, na escuridão da tua semelhança,
Esqueçes quem sou...

Eu sou aquela da qual nao queres ouvir
E, se no entardecer da noite ouves,
choras.
Porque não me queres
Se eu te levo à imensidão da indiferença,
Na qual estás protegido,
Onde tu és tu,
Amargurado e tingido
Pelas "graças" do teu verdadeiro ser?

Eu sou aquela que tu amas,
Clandestinamente,
Quando todos silenciam.

Eu sou aquela que não amas
Mas em sol posto evidencias.

Sou aquela que te toca
Que te consome por dentro.

Sou aquela cujo toque
corroi tua alma
e te faz atingir o extase
som um simples suspirar.

E quando a noite apaga,
E o ceu traz as estrelas,
Sou a tua meretriz,
Tua puta, teu aniz,
tua ponta de cigarro,
Apagado pelo sarro,
desta tua agonia,
Tua simples demasia,
de me pensares esquecer
como possivel fosse ser!

Mas eu sempre vou-te amar!
Minha doce melodia,
Minha linda sinfonia
de passaros mudos, ocos!
Pois não sabem o que dizem...
Ou que falam... gritem! gritem!

E agora vou calar,
por momentos, silenciar
pois estás acompanhado
tu e este triste fado.

Desta tua ...
Solidão (tua, só por devoção)